quinta-feira, 7 de junho de 2012

Desenvolvimento Motor


O desenvolvimento é um procedimento contínuo que persegue-nos desde o momento pré-natal até ao fim das nossas vidas. Na fase pré-natal, a ordem das nossas aquisições são fixas e invariáveis. Podemos afirmar que o crescimento e as variações no comportamento seguem uma sequência, na maioria das vezes, invariável.

Para percebermos melhor como funciona o desenvolvimento motor de um individuo, devemos primeiro perceber como é que se adquire maturação para que ocorra esse desenvolvimento. Essa maturação ocorre ao nível do sistema nervoso.

O sistema nervoso é constituído pelo sistema nervoso central que inclui o encéfalo e a espinal medula, e pelo sistema nervoso periférico que inclui o sistema somático e o sistema autónomo. A célula mais importante destes sistemas é o neurónio. O neurónio é uma célula nervosa altamente estimulável, que processa e transmite informação através de sinais electroquímicos. Essas transmissões designam-se por sinapses. Quantas mais ligações houver, mais ramificações haveram no nosso sistema nervoso, e mais desenvolvido será o nosso sistema, adquirindo assim maiores níveis de maturação.

Como referimos anteriormente, existe uma sequência no que diz respeito ao desenvolvimento motor. Essa sequência ocorre de igual forma na maioria das crianças e cada uma delas passa por cada estádio de desenvolvimento praticamente na mesma idade. Devemos salientar que a criança desenvolve-se também devido à maturação biológica, estimulada pela prática, constituindo assim um factor essencial para a manutenção e futuro desenvolvimento das acções.

A criança é, antes de mais, um ser motor.






 

De acordo com o aumento das proporções do corpo sabemos que existem diferentes trajectórias e essas são influenciadas pelos princípios de desenvolvimento próximo-distal, céfalo-caudal, e acção concentrada para específica.



 
Progressão próximo-distal: diz respeito ao eixo central e as extremidades do corpo. As partes centrais amadurecem mais cedo e tornam-se operantes antes das partes que se situam na extremidade.
Progressão céfalo-caudal: diz respeito à cabeça até aos dedos dos pés. O bebé tem maior controlo motor sobre a cabeça do que sobre os músculos situados mais abaixo.
Progressão da acção concentrada para a específica: diz respeito ao trajecto das competências simples até aos sistemas de acções. As primeiras acções do bebé envolvem o corpo todo ou grandes segmentos do mesmo. Calmamente, a capacidade de realizarem acções e movimentos globais são substituídos por outros, mais aprimorados e definidos.


Apesar de fixo e invariável, refira-se que o desenvolvimento nem sempre é uniforme e gradual. Existem os “surtos do crescimento”, em que o crescimento físico é muito rápido e há uma grande aquisição de capacidades psicológicas, como por exemplo, no que diz respeito à altura do bebé e ao seu peso, essas características desenvolvem-se rapidamente durante o primeiro ano, e os pré-adolescentes e adolescentes também crescem de modo extremamente rápido.

De acordo com Myrtle Macgraw, existem períodos críticos em que uma dada actividade é mais susceptível à modificação. A pioneira em estudos acerca do desenvolvimento das crianças, afirmava também que as crianças não deviam de esforçar-se muito, pois empenhar-se em actividades antes do período crítico era inútil.
Através de um estudo feito, Macgraw concluiu que há limites para o aparecimento de comportamentos motores e isso depende quer da maturação quer da influência ambiental, concluiu também que existem exigências neuromusculares para a produção de competências e que dentro dos limites maturacionais, um ambiente apropriado pode promover o uso mais eficiente de capacidades e a exibição de competências avançadas.

Relacionado o desenvolvimento motor com a prática desportiva, podemos concluir que, através da prática o nosso corpo vai tornando-se mais capaz de realizar certas acções que antes eram impensáveis de serem feitas. Na ginástica, por exemplo, o período crítico para se ganhar maior flexibilidade muscular é na infância/adolescência. Caso isso não aconteça, numa idade avançada será muito difícil, talvez impossível, ganhar a mesma flexibilidade que uma ginasta, que já pratica a modalidade desde pequena, tem.


 

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