sexta-feira, 30 de março de 2012

Desenvolvimento na infância

Dentro da Psicologia do Desenvolvimento, podemos considerar como uma área de interesse as etapas da infância e da adolescência, sendo que existem mesmo vários psicólogos que se especializam neste ramo.
Várias questões se colocam a estas fases da vida, tais como: "Quais são as competâncias visuais dos bebés? Quando nascem já veem?" "Para que género de coisas preferem olhar?".
Dada a visão desfocada das crianças aquando do seus nascimento, estas apenas percecionam padrões e formas, sensivelmente até aos 2 meses. A partir dos 6 meses a visão começa a ganhar maior nitidez, sendo que é a partir dos 4 meses que os bebés mostram preferência por fotografias com o olhar direto. É também nesta altura que os bebés conseguem coordenar o desenvolvimento da visão com o dos membros superiores, conseguindo assim pegar em coisas mais pequenas e para eles muito intrigantes e interessantes, como os brincos e cabelo da mãe.
Atingindo os 6 meses,  o bebé já possui uma perceção idêntica à de um adulto, tendo desenvolvido já várias competências visuais, tais como: distinguir os detalhes dos objetos e usar coordenadamente os dois olhos para a visão binocular. Neste momento os seus olhos possuem dois terços do tamanho final.
Tendo 1 ano de idade os bebés coordenam perfeitamente o movimento dos olhos com o movimento do corpo.
De salientar ainda que está provado que os recém-nascidos têm uma clara preferência por rostos humanos.



sexta-feira, 16 de março de 2012

"Secret of the Wild Child" - Análise

"Secret of the Wild Child" é um documentário que retrata a história de uma "criança selvagem", chamada Genie. A 4 de Novembro de 1970 foi descoberta pelas autoridades de Los Angeles, tinha então 13 anos e cerca de 10 foram passados num quarto isolada de todo o meio envolvente.
Genie foi alvo de estudo ao longo de vários anos, sendo que este tinha como principal objetivo analisar qual a influência do meio e da hereditariedade no crescimento, desenvolvimento e comportamento dos seres humanos.
Após debatermos sobre esta questão, que intriga a comunidade científica, concluimos que o grupo é unânime na opinião de que as experiências do meio são mais cruciais do que os aspetos genéticos. Contudo, "não podemos excluír nem a hereditariedade nem o meio tal como não podemos excluír nem o comprimento nem a largura para determinar a área de um quadrado ou de um retângulo", tal como referiu a Professora Cláudia Dias.
Após observarmos os estudos de que Genie foi alvo, perdura a questão: Será moralmente correto a utilização deste tipo de seres humanos para investigações científicas?

sexta-feira, 2 de março de 2012

"A Psicologia possui um longo passado, mas uma curta história..."

Desde os primórdios da Humanidade que os povos ancestrais "filosofam" sobre questões inerentes à existência humana, tais como a morte e a imortalidade, o bem e o mal, as causas dos seus medos e preocupações e a alma. Daí podermos afirmar que a Psicologia, ramo intimamente ligado à Filosofia, tem um longo passado. Era através desta que o Homem refletia sobre questões como, por exemplo, "Porque é que as pessoas agem de determinada forma?".
Todavia, a Psicologia tem também uma curta história. Com o passar dos séculos, os vários ramos da Filosofia foram-se autonomizando, sendo que o termo "Psicologia" aparece nos finais do século XVI, mais precisamente em 1590. A origem da palavra advém de psyquê (que significa alma, sopro) e logos (que significa tratado, ciência).
Apenas nos finais do século XIX, mais precisamente em 1879, é que se observa a independência da Psicologia, graças a Wilhelm Wunt e à criação do seu laboratório de psicologia, primeiro em todo o mundo.
Em suma, a Psicologia possui um longo passado, visto que é tão antiga quanto a existência do Homem. Por outro lado possui uma curta história, pois cientificamente começou há cerca de um século.
Ao afirmar-se cientificamente, surgiram vários métodos de trabalho na Psicologia, tal como demonstra o seguinte quadro:



Método Introspetivo
            Ao contrário de outros métodos, como o clínico, o método introspetivo apenas possui um ramo, a introspeção controlada. Isto é, referirmo-nos ao método introspetivo ou à introspeção controlada é o mesmo assunto.
            Através de um olhar etimológico, concluímos que introspeção provém do latim introspectum, que significa a ação de olhar para o interior. Ou seja, introspeção traduz-se em conhecer as nossas emoções através de um olhar interior em nós próprios, refletindo sobre o nosso próprio ser. Neste método, tanto somos o sujeito que possui o conhecimento como o indivíduo que é objeto de estudo.
            A introspeção controlada serve-se de observadores externos do sujeito que pratica a introspeção, sendo que este deverá estruturar e organizar as descrições dos seus próprios estados e disposições mentais, tomando consciência delas. Normalmente são alvo de introspeção as crenças, imagens, memórias, ou as intenções, emoções, ou alguns simples conceitos e raciocínios. Este método é muito defendido pelo estruturalismo, orientando-se para o estudo do consciente.
            Porém, possui algumas desvantagens, tais como a grande dificuldade em expressar certas emoções verbalmente (ou qualquer emoção para pessoas com dificuldade em fazê-lo) ou o facto de se limitar ao consciente, ignorando, por exemplo, a fenómenos inconscientes ou fisiológicos. Apesar de tudo, ainda é muito usada na psicoterapia, psicanálise e na terapia cognitivo-comportamental, onde o sujeito reflete sobre as suas ações e pensamentos e respetivas consequências, sendo ajudado a pensar e agir de forma a diminuir o seu sofrimento.

Método Observação
            Desde a Introspeção ao método clínico, o estudo da psicologia passa pela observação dos fenómenos psíquicos. A realização da observação isolada do método experimental sucede por não ser possível o recurso ao método experimental.
Contudo é sempre possível estabelecer hipóteses e recorrer a técnicas de observação que permitam a verificação das hipóteses sem passar pela experimentação.
            As condições em que essa observação é produzida levam a identificar diferentes formas:
  • Laboratorial - Produzida em condições controladas
  • Naturalista - Elaborada no meio natural em que se desenrola a situação
  • Invocada - Realizada a partir de situações ocasionais e em que as condições não são controladas nem previstas.

Método Experimental
O Método Experimental baseia-se no método científico comum à maioria das ciências. É defendido pelo Behaviorismo mas utilizado por outras correntes de psicologia. O seu objectivo é permitir conhecimentos sobre comportamentos comuns a um grupo de pessoas.
  Fases do método
  1. Hipótese Prévia - Estabelecimento de uma relação causa-efeito explicativa de uma situação. Pretende relacionar a presença de um facto (situação) com a modificação de outro (comportamento).
  2. Experimentação - Fase de verificação da hipótese. Nesta fase é determinante o rigor das observações e controlo da situação experimental:
    1. Controlo de variáveis - Elementos que constituem a situação de estudo relativamente à alteração ou manifestação de um comportamento cuja natureza se desconhece. O objectivo desta fase é comprovar se o efeito que a variáveis independentes provocam na variável dependente é aquele que se supusera na hipótese:
                                          i.    Dependente - Elemento que constitui a modificação do comportamento a explicar surgindo como a variável de resposta, consequência da variável independente.
                                         ii.    Independente -  São os factores supostamente responsáveis pela situação e que vamos manipular e controlar para verificar a variável dependente. Aparecem ligadas à situação ou à personalidade.
                                        iii.    Externas - Elementos de uma experiência que não são controláveis ou sucedem inesperadamente mas que podem influenciar uma experiência, podendo-se estudar essas condicionantes relativamente a:
1.     Ao sujeito - Atitudes e expectativas do sujeito observado ( Efeito de Hawthorne = A atenção prestada ao trabalho de um sujeito aumenta o seu desempenho mesmo sob condições adversas)
2.     Ao observador - Atitudes, expectativas, estatuto, credibilidade e personalidade do observador (o psicólogo pode colocar o indivíduo à vontade ou provocar um grau de tensão)
3.     Às condições - As condições ambientais devem ser iguais relativamente aos sujeitos observados: local, hora do dia ...
    1. Registo de observações - Para garantir o rigor das observações e permitir a análise dos dados por investigadores independentes:
                                          i.    Registos de ocorrências e duração de comportamentos;
                                         ii.    Escalas de classificação - Níveis de frequência de um facto.
    1. Controlo de condições - Validação da informação:
                                          i.    Grupo Experimental - Grupo de sujeitos onde é testada uma variável independente sendo que as restantes condições e constituição devem ser iguais ao grupo de controlo para permitirem a comparação de resultados.
                                         ii.    Grupo de controlo ou testemunha - Grupo de sujeitos em que as condições da experiência são mantidas inalteráveis, garantindo assim os dados resultantes da observação do grupo experimental.
                                        iii.    Amostra - Conjunto de indivíduos onde decorre a experimentação, sendo constituído a partir da segmentação do universo a estudar. A amostra deve ser significativa e representativa da população a estudar.
1.     Amostragem simples (aleatória) - Quando a população a estudar é homogénea, todos os seus membros possuem condições iguais para o estudo pelo que são escolhidos ao acaso.
2.     Amostragem estratificada - Quando a população a estudar é heterogénea, os diversos grupos devem estar representados pelo que é necessário seleccionar a amostra, recorrendo-se aqui a técnicas da estatística.
                                        iv.    Trabalho de Campo - Verificação da hipótese em situação real
  1. Generalização - Estabelecimento das conclusões pela generalização dos dados da amostra para o universo a estudar.
Método Clínico
            Não é um método de pesquisa nem pretende descobrir leis do comportamento mas constitui-se como uma série de procedimentos de diagnóstico e tratamento de pessoas com problemas de comportamento e /ou emocionais.
            Deste modo o estudo desenvolve-se sobre um único indivíduo ao longo de determinadas fases:
·         Anamnese - Levantamento da história individual do paciente, recorrendo a fontes externas e trazendo à memória informações perdidas. Esta fase permite elaborar algumas hipóteses de trabalho que vão condicionar a fase seguinte
·         Entrevista - Colocação de questões ao paciente na tentativa de selecionar hipóteses a partir das suas respostas verbais e não-verbais (gestos, reações, etc.)
·         Observação - Estudo dos comportamentos do paciente no seu ambiente natural de modo a confirmar a hipótese selecionada
·         Testes - Realização de testes de personalidade de modo a certificar as conclusões.
            A partir da confirmação da hipótese deduz-se qual o tratamento a desenvolver.

Método psicanalítico
Freud, que tinha como objetivo conhecer o inconsciente, estabeleceu um conjunto de processos que nos fornecem informações acerca do inconsciente do paciente, responsável pelos seus distúrbios:
  1. Hipnose - induzir o paciente, através de uma sugestão intensa, a um estado semelhante ao do sono, mas no qual é possível estabelecer uma comunicação entre o hipnotizador e o hipnotizado, podendo assim revelar memórias ocultas ou ser condicionado para determinada ação ou comportamento.
  2. Interpretação dos sonhos - os sonhos apresentam imagens figurativas de recalcamentos, ansiedades e medos, que depois de interpretados vão permitir ao psicanalista obter os resultados das suas investigações sobre problemas de comportamento apresentados pelo paciente. É o método de exploração mais seguro dos processos psíquicos.
  3. Atos falhados – consiste na análise de fenómenos ligados a lapsos de linguagem, de escrita e esquecimentos momentâneos de palavras. São acidentes de carácter insignificante e de curta duração.
  4. Transferência - transferência inconsciente para a figura do psicanalista de sentimentos de ternura ou de hostilidade (transferência positiva ou negativa) atualizando situações reprimidas e esquecidas, para que o psicanalista possa detetar as razões do conflito inconsciente.

Estas técnicas, indiretas, permitem que o próprio paciente tome consciência dos seus problemas, só assim sendo possível a sua cura. Freud usou a hipnose para ajudar as pessoas a reviverem as experiências traumáticas do passado que pareciam associadas com os seus sintomas atuais.